sábado, 29 de outubro de 2011

Posmodernismo

Quando são os próprios membros do Governo, que são convenientemente alimentados pelos contribuintes que afirmam que o Estado não pode garantir a todos os cidadãos o essencial e por isso quem necessita de ajuda deve procurar apoio na Sociedade Civil, quando se pode gastar dezenas de vezes mais em salvar milionários de perdas, porque, imagine-se, que até os bancos estão a ter uma diminuição dos lucros enquanto a grande maioria da população está a ter um aumento dos prejuízos, quando são os próprios governantes que defendem uma sobrevivência austera, é bom recordar que cada um vê o mundo subjectivamente diferente. Por exemplo, enquanto a larga maioria da população só está a pensar numas modestas Iscas à Portuguesa ou numa simples Dobrada com Feijão Manteiga, os nosso governantes poderão estar a pensar numa soberba posta alta de petinga, ou numa suculenta asa de coderniz.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Francisco Louça: a esquerda contra a dívidadura

https://sites.google.com/site/repositorioelementoabsorvente/esquerdacontraadividadura%5B1%5D.pdf

O Louçã faz um excelente texto. Limita as possibilidades do que aconteceria na saída do euro. Simplifica as consequências e não considera as decisões políticas que se tomariam nessa eventualidade. Sendo um excelente político, não coloca como possibilidade que os defensores da saída do euro usem essa ferramenta que ele tão bem usa: a política. E talvez ainda mais grave, não considera a possibilidade de que aqueles que fiquem no euro sejam aqueles que não conseguem abandoná-lo. Mas o mais interessante é que considera que a solução seria que a CGD, o Estado Português, o Banco de Portugal, ou quem quer que seja, emitisse moeda. Seria excelente, tinha-se dinheiro para tudo e mais alguma coisa, e até se poderia ser comedido e gastar só na reactivação de actividades produtivas. Suponhamos que nem haveria inflação, suponhamos que para evitar que os privados fugissem com o dinheiro que recebem para arrancar actividades produtivas, passasse o Estado a assumir a função de produtor, para desta forma se reactivasse a economia. Suponhamos que até consegue que as coisas corram bem internamente. Excelente... com um pequeno senão... as regras actuais impedem que um dos estados do euro ou que alguém em seu nome crie moeda, e nisso a Frau Merkel é inflexível e essa inflexibilidade dura mais dois anos, pois só há eleições federais na Alemanha em 2013. Mas como Portugal é um estado soberano, até o decide fazer: emite moeda, ou seja, emite euros. Mesmo contra a autoridade da Frau Merkel. Que é que ela fará? Ela, a Alemanha, a Finlândia, a Áustria, e todo o gestalt merkeliano, acusarão os portugiesisch das maiores infâmias, de terem violado a ordem matriarcal perfeita que é o monopólio de emissão de moeda do banco de Frankfurt, que é só emitir moeda para bancos privados. Em poucas horas, a Alemanha e satélites, abandonam em bloco o euro... e então os que ficarem poderão fazer com a moeda o que quiserem, e em vez de termos o escudo, temos algo que tem outro nome, tem outra cor, tem outra paridade, muitas estrelinhas e pontes, mas que será uma moeda muito desvalorizada que em tudo se assemelhará ao escudo de que tanto se foge.

Parece-me que afinal, mesmo sem nos apercebermos, padecemos todos da doença, do mesmo vírus que nos deixou o neoliberalismo. De alguma forma, nalgum momento, todos nos esquecemos que além de haver economia, existe política, que mesmo que as leis económicas correntes obriguem a determinada coisa, se quem está à frente assim o entender, muda o rumo contra tudo e contra todos, porque toma uma decisão política. E assim, mudam-se as regras e então automaticamente passamos a assumir que as leis da Natureza mudaram... e voltamos a tecer cenários em que as decisões políticas são inexistentes.

Voltando ao texto do Louçã, a sugestão de como actuar mantendo-se no euro é excelente. A interpretação da realidade actual é correcta. E serve mesmo que não se esteja de acordo com a premissa (a saída ou manutenção no euro), e por isso estamos destinados a entender-nos.

GREVE GERAL - 24 Novembro 2011 - Basta de mistificações

Boaventura Sousa Santos na SIC - 14 de Outubro de 2011

Documento da Cimeira de 26 de Outubro de 2011

https://sites.google.com/site/repositorioelementoabsorvente/DOC-11-7_FR.pdfhttp://www.blogger.com/img/blank.gif


Não resolve o problema de fundo: a reciclagem dos excedentes em actividades produtivas nos deficitários e pelo contrário aumenta as assimetrias entre países. Sem governo europeu, federal, um cidadão de um país excedentário nunca aceitará que uma parte do lucro por si gerado (mesmo que não o usufrua) seja transferido para um país deficitário. A única forma de isso acontecer seria com um governo federal. A coordenação de regras só serve para que os deficitários se portem bem cumprindo as regras definidas pelos excedentários (que são aquelas que lhes interessam aos excedentários para continuar nessa cómoda posição de excedentes sempre crescentes em relação aos deficitários, o que até permitirá que a UE no seu conjunto ao não desenvolver economicamente os deficitários, se torne no conjunto deficitária em relação ao resto do mundo, o que implicará uma pauperização gradual dos cidadãos dos países deficitários, até que seja equivalente investir nos deficitários ou no oriente) e paguem o que compram aos excedentários, mesmo que para isso se contraiam cada vez mais, porque não têm capacidade para reinvestir em actividades produtivas, e pior: mesmo que o conseguissem fazer a muito custo, como a forma de produzir não é competitiva, ninguém iria comprar o que eles produzem... Por outro lado, os deficitários poderiam ficar com o trabalho que não é automatizavel e que por terem preço de mão de obra menor o que seria de todo conveniente para os excedentários... mas para isso funcionar a UE teria iniciar um processo de proteccionismo em relação ao oriente asiático... como por razões ideológicas isso está posto de parte, não vejo como isto pode ser bom para os deficitários... o que só aumenta a minha apreensão pessoal sobre a manutenção numa Europa destas.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Hino do PSD




"Hino PSD 2011- Mar..."
Este vídeo já não está disponível devido a uma reivindicação de direitos de autor apresentada por Partido Social Democrata.
Pedimos desculpa.

http://www.youtube.com/watch?v=FzgrJJTMzik

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Nós e os bancos

Estou a ouvir um tipo com responsabilidades na área dos bancos. É curioso que quando fala dos cidadãos refere-se a eles como nós mas enquanto fala dos bancos, refere-se a eles como os bancos quando na realidade, o nós dele é os bancos. É assim que se convence os carneiros.

A quimera do euro

Federal e confederal

Queimar etapas

Esta Europa acabou

Será que não há justiça neste país?

É hoje notícia que 66% do País está em risco de desertificação o que implica que a maior parte da terra poderá deixar de ser produtiva. Mas será que os senhores que dão estas notícias não entendem que o que dizem tem implicações? Afinal, para fazer o que estes senhores sugerem implicaria um aumento da despesa de forma criminosa, o que implicaria dívidas inaceitáveis para as futuras gerações. Será que não entendem que um país globalizado já não depende da terra pois o que necessita para comer é produzido em qualquer outra parte do mundo? Sem dúvida, deveriam ser presos por assustar a população com notícias irrelevantes e desviar os cidadãos do Desígnio Nacional que constitui o equilíbrio das contas públicas!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Comprar, descartar, comprar. A obsolescência planeada

Benjamin Franklin

Benjamin Franklin: Quem está disposto a abdicar de parte da sua liberdade em favor da sua segurança não merece nem uma coisa nem a outra.

Países aparentemente diferentes

Uma jovem fez a seguinte observação: os alunos de uma turma universitária em Coimbra e os alunos de uma turma universitária em Lisboa parecem de ser de países diferentes. Em Coimbra, a larga maioria dos alunos está contra o pagamento de propinas; em Lisboa, a larga maioria dos alunos está a favor do pagamento de propinas. Curiosa constatação. Em Coimbra, a larga maioria dos alunos estudam nesta cidade mas residem fora dela; em Lisboa, a larga maioria dos alunos estudam nesta cidade e nela residem. Em Coimbra, a solidariedade e entreajuda transpira pelos poros; em Lisboa, impera a competição. Em Coimbra, estuda-se por sebentas e fotocópias; em Lisboa os alunos e professores assumem que os alunos compram os livros. Em Coimbra, os alunos consideram que estudar deveria ser grátis; em Lisboa, os alunos consideram que pagar propinas altas é uma garantia de qualidade no ensino.

Após a conclusão do curso, a diferença entre ambos esbate-se. Antes da conclusão do curso, quem reside em Lisboa acredita ingenuamente que o mercado da grande cidade está ao seu dispor. Depois da conclusão do curso, chega-se duramente à conclusão que a canção dos Deolinda retrata a história da sua vida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Luta entre um ex-maoista e uma ex-comunista

Recordo-me que na ex-RDA, poucos meses antes da queda do muro, também houve eleições livres e o PSUA também teve uma maioria folgada. Logo a seguir, cai o muro, volta a haver eleições e o mesmo PSUA perde por larga maioria. Curiosamente, uma tal Merkel fazia parte deste mesmo PSUA... e agora temos uma ex-comunista como imperatriz europeia e um ex-maoísta como presidente da comissão europeia que travam uma luta desconhecida. Se há uns anos, alguém tivesse inventado esta história, seria visto como uma pessoa completamente desligada da realidade... mas se há coisa que tenho aprendido é que a realidade é sempre mais fantástica que a imaginação. Pois então sonhemos, porque certamente o que acontecerá será muito mais inverosímil do que aquilo que nos passe agora pela cabeça.

O plano perfeito

Declaremos uma verdade não demonstrada: O sector privado faz sempre melhor que o sector público. Até o Governo o diz. Por essa razão, e por uma questão de franqueza para com os votantes, o Governo deveria dizer publicamente que devido à aplicação da verdade enunciada, é incompetente e que a sua função deveria de ser privatizada lançando assim um concurso internacional. Por enquanto ainda dispomos de território que poderá ir servindo como forma de pagamento.

Acontece que quando foi eleito, o Governo já tinha a vida simplificada... pois um consórcio internacional já se tinha adiantado, oferecendo à cabeça quase 80 mil milhões de euros a serem pagos em tranches ao longo de 3 anos.

E como a terra não serve para grande coisa, pois esta só vale se tiver labregos lá dentro para a trabalhar, preferiram que vendêssemos as nossas empresas (energia, transportes, correios) a preço de saldo, pois a renda que estas geram é mais fiável, já que os consumidores estarão cativos de monopólios. Bem visto.

Além disso, pediram também que a sociedade fosse alterada de forma a que aqueles serviços que ficavam nas mãos do Estado (sistema de ensino e de saúde) fossem dados a empresas privadas de forma a gerar rendas graças novamente ao facto de os consumidores passarem a estar cativos de monopólios. Novamente tratou-se de um bom negócio.

Mas como todo o negócio deveria ser financiado, e além disso, era boa ideia reduzir o preço da mão de obra, propôs-se reduções salariais e aumento de impostos aos contribuintes.

Na realidade, conseguiu-se fazer com sucesso o outsourcing da governação. Desta forma, deixou de ser necessário enunciar qualquer política económica, qualquer orientação para os próximos anos a não ser a afirmação de que ainda vai ser pior.

Assim, o consumidor limita-se a cumprir com a sua nobre função de consumidor e contribuinte, o que garante a manutenção das tão necessárias rendas. Além disso, consegue-se um mercado de 10 milhões que produzem cada vez menos o que aumenta a necessidade de maiores importações.

O plano é perfeito. Nada pode falhar. Acabaram-se os problemas.