Caro Aníbal, caro Pedro, caro Vítor,
Pode ser que fiquem muito contentes pelo momento em que Portugal regressa aos mercados. Pode até que tenham conseguido que de alguma forma se cumpra o défice. No entanto, continuo desempregado e não vislumbro o momento em que esta situação se possa alterar. Vejo, em vez disso, aproximar-se o momento em que deixarei de conseguir garantir uma vida digna à minha família. É dessa forma e em consequência directa das vossas acções que, gradualmente, passaremos a não ter lugar nesta sociedade, que cada vez mais seremos considerados lixo, resíduo, desperdício.
Desejariam certamente que nos calássemos, que mantivéssemos algum orgulho em verificar que, por vocês nos deixarem definhar, possibilitámos que uma minoria mantivesse os seus carros de alta cilindrada e as suas luxuosas casas, e que continuasse a fugir com o capital do país em vez de o investir e assumir os riscos - como era suposto. Acontece que, em vez de evitar incomodar-vos, pretendo, pelo contrário, contactar com outras pessoas que pensem como eu, que estejam dispostas a fazer o necessário para produzir em vocês aquilo que nos estão a induzir.
Tenho a certeza de que entenderão que este propósito não é algo pessoal. Afinal, vocês fazem exactamente o mesmo a tantas crianças, idosos, doentes, trabalhadores ainda no activo e trabalhadores desempregados. Todos nós não somos mais do que vítimas dos propósitos de alguém.
Sinceramente,
Alcides Santos
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