quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O plano perfeito

Declaremos uma verdade não demonstrada: O sector privado faz sempre melhor que o sector público. Até o Governo o diz. Por essa razão, e por uma questão de franqueza para com os votantes, o Governo deveria dizer publicamente que devido à aplicação da verdade enunciada, é incompetente e que a sua função deveria de ser privatizada lançando assim um concurso internacional. Por enquanto ainda dispomos de território que poderá ir servindo como forma de pagamento.

Acontece que quando foi eleito, o Governo já tinha a vida simplificada... pois um consórcio internacional já se tinha adiantado, oferecendo à cabeça quase 80 mil milhões de euros a serem pagos em tranches ao longo de 3 anos.

E como a terra não serve para grande coisa, pois esta só vale se tiver labregos lá dentro para a trabalhar, preferiram que vendêssemos as nossas empresas (energia, transportes, correios) a preço de saldo, pois a renda que estas geram é mais fiável, já que os consumidores estarão cativos de monopólios. Bem visto.

Além disso, pediram também que a sociedade fosse alterada de forma a que aqueles serviços que ficavam nas mãos do Estado (sistema de ensino e de saúde) fossem dados a empresas privadas de forma a gerar rendas graças novamente ao facto de os consumidores passarem a estar cativos de monopólios. Novamente tratou-se de um bom negócio.

Mas como todo o negócio deveria ser financiado, e além disso, era boa ideia reduzir o preço da mão de obra, propôs-se reduções salariais e aumento de impostos aos contribuintes.

Na realidade, conseguiu-se fazer com sucesso o outsourcing da governação. Desta forma, deixou de ser necessário enunciar qualquer política económica, qualquer orientação para os próximos anos a não ser a afirmação de que ainda vai ser pior.

Assim, o consumidor limita-se a cumprir com a sua nobre função de consumidor e contribuinte, o que garante a manutenção das tão necessárias rendas. Além disso, consegue-se um mercado de 10 milhões que produzem cada vez menos o que aumenta a necessidade de maiores importações.

O plano é perfeito. Nada pode falhar. Acabaram-se os problemas.

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