Para dizer a verdade, estou um pouco farto de determinismos.
Primeiro foram alguns comunistas, que há 100 anos (e ao contrário de Marx) acreditaram (alguns ainda acreditarão) que o destino não depende das pessoas e que está determinado à partida, que é cientifico, que o comunismo ou socialismo, ou o homem novo, chegaria como uma inevitabilidade histórica. Tiveram o seu tempo, enquanto houve muita gente a acreditar nesse dogma, as coisas foram acontecendo e de facto assim pareceu. Até que o modelo estoirou.
Agora, a mesma coisa, muita gente acredita que é inevitável, que o destino do homem depende da vontade dos mercados, que estes se regem por leis do domínio da ciência, que está determinado que a imensa maioria da população está destinada à miséria enquanto uma ínfima parte tem direito a viver num universo à parte.
Agora, por um lado, pretende-se que as desigualdades entre sociedades diminuam, desde que estas se integrem segundo as "leis do mercado", enquanto se aceita que as desigualdades intra-societais aumentem.
Agora, aceita-se como natural que o mundo tenda a umas ilhas de extremo bem estar num imenso mar de miséria.
Se virmos bem, na idade média europeia, não existia propriedade privada, porque isso era considerado uma heresia, já que tudo a Deus pertencia. Entretanto, Deus morreu, ou dizendo melhor, tornou-se o protector dos muito ricos, enquanto aos restantes, para conseguir sobreviver, não lhes resta mais senão seguir alguma liturgia.
De uma perspectiva histórica, também aquilo que agora se acredita não passará de uma moda. Como seremos vistos? Num tempo em que temos tudo o que necessitamos para a vida de todos, continuamos a ser animais irracionais, que caminhamos em conjunto para a auto-destruição.
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