sexta-feira, 6 de maio de 2011

Após o armistício

Para enfrentar a intervenção do império, a jovem república movimentou-se no sentido de se salvaguardar o que considerava essencial. Desta forma delimitou a sua fronteira de segurança. Definiu aquilo que era inaceitável que fosse perdido.

Após a invasão, a leitura permite concluir que, surpreendentemente, essa mesma fronteira foi respeitada. Formalmente, as bandeiras proclamadas pela jovem república foram mantidas intactas. Houveram delicadas incursões a territórios contíguos, mas as bandeiras ficaram lá, de tal forma que a disposição das tropas no terreno permitem uma interpretação que assumo polémica: as bandeiras ficaram completamente cercadas. E isso foi feito dessa forma precisamente porque a jovem república desocupou o terreno que considerou não essencial convidando assim a sua ocupação. E o convite foi aceite sem qualquer cerimónia.

A jovem república obteve o seu armistício. A invasão decorreu por abandono e sem sangue derramado. Poderá sentir que obteve paz. Que se perderam alguns territórios mas que se conseguiu manter os pontos estratégicos.

Mas, como sabemos, a guerra vai começar. A dinâmica instalada sugere que as bandeiras sofrerão ataques impiedosos. E os pontos estratégicos deixaram de ter conectividade e por essa razão os abastecimentos serão realizados a custos elevadíssimos.

Ao contrário do império, provavelmente, ninguém na jovem república tinha experiência para antecipar esta situação. Afinal, talvez tivesse sido melhor não abandonar o território, mesmo que isso implicasse grandes sacrifícios pessoais.

Nesta situação, muita gente considera conveniente chegar a um entendimento mesmo que implique que a jovem república se converta em mais um protectorado do império. Há mesmo quem considere preferível prestar vassalagem ao imperador se dessa forma minimizar o sofrimento da sua população.

Sugere-se assim uma covarde vassalagem e sobreviver. Não se antecipando muito sacrifício, poder-se-á considerar essa hipótese.

No entanto, com o intensificar das medidas de submissão impostas pelo império, pergunto-me se a população da jovem república assistirá impassível à limitação da sua independência. Quando verificar que a promessa de poupar os seus anciãos e as suas crianças não passava de palavras vãs, quando verificar que aqueles que optaram por prestar vassalagem, afinal não conseguem cumprir com a promessa de minimizar o sofrimento, certamente olhar-se-á para quem se manteve firme.

É certo que a memória do povo é curta.

Mas também sabemos que o império está em decadência e que poderá entrar rapidamente em colapso.

Sendo assim, não será melhor resistir?

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