quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um dia como outro qualquer

Levantar cedo para ir ao centro de emprego porque é exigido que se demonstre que se está à procura de trabalho. Em conversa com a funcionária, esta diz sem papas na língua que é bom que se apresente as evidências porque senão fica-se sem o subsídio de desemprego. Afinal, estar mais de 10 anos a pagar várias centenas de euros todos os meses não é suficiente, porque o nosso estado social, tão diligente, assim que possível quer deixar de pagar esta prestação social.

À tarde, ir ao hospital com o filho, porque tem uma infecção no ouvido. A médica ucraniana que o atende, pede compreensão e pergunta se a criança dispõe de algum seguro complementar, porque desde Janeiro que não há otorrinos. Respondo que entendo perfeitamente e peço para que escreva o que está a dizer. Ela insiste e eu também. Fica a pensar, pede desculpa, pega no telefone e sai. Quando volta, anotando o número 60 num papel que me dá, sugere que contornemos o edifício, entremos numa porta de vidro e sigamos em frente. Assim fazemos e encontramos um médico a consultar a página da DECO. Explicamos a situação e o médico trata da criança voltando à sua actividade anterior. Este estado social até consegue médicas ucranianas que muito diligentemente conseguem curto-circuitar o sistema e arranjar que a criança seja vista sem que fique qualquer registo no hospital.

À noite, ir à Gare do Oriente observar que estão mais de 20 pessoas a dormir à saída do Metro com polícias e securitas a observar. Felizmente temos estado social que até providencia um tecto para quem não tem onde dormir e ainda por cima lhes guarda o sono.

Ligar a alguém que trabalha num callcenter, que deveria sair às 21:30 mas que não consegue porque os directores entendem que antes de sair tem que se registar tudo o que se faz, para que se possa medir a produtividade. Felizmente temos um estado social que consegue trabalho às pessoas e que quando é exigido trabalhar de borla muito mais tempo em processos burocráticos a fiscalização é eliminada por simplificação e facilidade para que o exército de desempregados disponíveis seja um pouco menor (ou maior?).

Sem comentários:

Enviar um comentário