domingo, 8 de maio de 2011

União de estados ou de cidadãos?

Numa família, é normal que exista entreajuda, que a riqueza seja redistribuída de forma a todos terem se possível o considerado necessário (se assim não fosse, os bebés nunca cresceriam, nem os idosos viveriam muito tempo): isto é assim porque são todos parte da mesma família...

Num prédio urbano, é normal que exista entreajuda, que quando uma família se encontra em dificuldades receba dos restantes inquilinos o apoio necessário: isto é assim porque fazem todos parte do mesmo prédio...

Numa aldeia, é normal que exista entreajuda, que aquelas famílias que sofrem um infortúnio recebam o apoio da restante comunidade: isto é assim porque todos fazem parte da mesma aldeia...

Numa cidade, é normal que exista entreajuda, que numa situação limite, uma área que enfrenta uma calamidade receba o apoio dos seus concidadãos: isto é assim porque todos fazem parte da mesma cidade...

Num país, é normal que exista entreajuda, que as regiões mais deprimidas recebam daquelas mais ricas o apoio necessário para o seu desenvolvimento: isto é assim porque todas as pessoas que as constituem fazem parte do mesmo país...

No caso da União Europeia, que é uma união de países e não de cidadãos de diferentes países, esta entreajuda entre países não pode existir precisamente porque cada cidadão da União Europeia é-o em primeira instância enquanto cidadão de um país que a constitui. Por essa razão afere-se permanentemente quais os países que são contribuintes líquidos e quais os países que são beneficiários líquidos. Na minha opinião, é aqui que reside o problema em que a Europa se encontra com os países periféricos. Em vez de ser uma associação de países, deveria de ser uma associação de pessoas. Se assim fosse, deixaria de existir o problema de qual o país que mantém os restantes. Afinal, seria talvez essa união que permitiria os países mais poderosos manterem essa sua muito desejável pujança. Assim, aquilo que a periferia europeia deve pugnar é por uma federação para que assim cada cidadão o seja em primeira instância enquanto europeu e não seja visto como contribuinte ou beneficiário.

Sem comentários:

Enviar um comentário