Vou tentar clarificar o que na minha opinião são ideias erradas sobre queda do governo.
Não deixou de haver dinheiro de um dia para o outro, de uma semana para a outra, de um mês para o outro. No sistema em que vivemos, o estado financia-se (vende títulos de dívida pública) que no fim de cada período (por exemplo um ano, um mês) gerarão uma margem de lucro. A subida da taxa de juro de 2% (foi menos do que isso a variação entre o chumbo do PEC IV e a queda do governo), significa que no fim do período em consideração (por exemplo um ano), tendo pedido 100 , em vez de se pagar 108, passariam a pagar-se 110. Esta diferença é igual a menos de 2% do total do valor que se obteve no mercado, mas só quando for o momento de pagar. isto significa que se for paga ao mês, a diferença de 2% ao ano será menos de 0,1%.
Assim, ao contrário da ideia de que foi o chumbo do PEC IV que motivou a falta de dinheiro, porque essa falta só se torna efectiva quando for o momento de pagar os juros ou a totalidade da dívida, ou seja, no fim do período. Além disso, esse aumento tem um valor ínfimo no total dos juros a pagar (por exemplo, se vencem 1000 milhões, isso significa que se têm que pagar no fim do ano um incremento de 20 milhões ou ao fim do mês, menos de 2 milhões, referindo-me neste caso à diferença entre o chumbo do PEC IV e a queda do governo). O problema que tivemos, foi que a falta de dinheiro vinha muito de trás, nomeadamente nas benesses que se deu como incentivo ao investimento a quem tinha capital, que em vez de o investir, passou a emprestá-lo a quem antes tinha que pagar (ao estado). Tratou-se de batota.
Obviamente Sócrates sabia que isso ia acontecer, a bolha tinha rebentar (isso sim era inevitável, porque a taxa de juro era superior ao aumento do PIB). Teixeira dos Santos ter-lhe-á dito isso. Mas Sócrates nunca o reconhecerá. Terá tentado uma saída com o FEEF, mas quando percebeu que não lhe iam dar essa ajuda, terá entendido que tinha perdido. E então começou a preparar o terreno para se demitir, pedir ajuda à Troika e culpar os outros partidos da desgraça.
Além disso, os 78 mil milhões não vêm todos agora. Vêm em três tranches, uma por ano. Assim, em realidade, este ano vêm só 26 mil milhões, dos quais a maior parte vai para os bancos. Sobrará alguma coisa para as despesas correntes, mas o grosso vem dos contribuintes e dos cortes sociais.
Portanto, por favor, não vale a pena andar a desculpar a Sócrates e o PS, porque eles eram os únicos que sabiam como é que as contas estavam.
Não significa que o PCP+BE não tenham sido desastrados... mas a culpa da desgraça é de quem tinha uma mão no leme e outra nas cartas de navegação.
Posto isto, ainda há quem pense que votar PS é melhor?
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